domingo, 2 de janeiro de 2011

Análise do Discurso das Profissionais do Sexo 2/2

Com base nesse quadro podemos concluir que:

(1) o homem ainda é o centro da família, é ele quem decide o caminho de seus filhos, diz o que é certo e errado e decepcioná-lo é algo muito forte, pode gerar a quebra na estrutura familiar. Se uma mulher escolhe o caminho de profissional do sexo, a primeira barreira a ser encontrada é a familiar que não aceita e marginaliza.

(2) O trabalho que elas realizam – independentemente do porquê – é algo para se envergonhar, esconder, mentir. Entretanto é um caminho válido para quem quer ganhar dinheiro.

(3) O direito ao sexo é negado as mulheres desde o princípio da vida e exercer a sua sexualidade livremente é algo repudiado pela sociedade, uma vez que a virgindade e a pureza sexual são consideradas virtudes. A moça que escolhe ficar com muitos caras também é considerada uma prostituta. A noção de que uma mulher precisa de um homem para cuidar dela, nos remete ao ciclo de submissão e de fragilidade da mulher, à construção social do gênero feminino.

(4) A legalização do trabalho com sexo seria algo interessante e feliz para as trabalhadoras, porém assumir para a sociedade que o seu ofício é esse, é algo que causa medo e vergonha. Nota-se mais uma vez um pensamento contraditório, sempre marcado por medo e silenciamento de sua real vontade em detrimento de fatores coercitivos externos sociais.

(5) A prostituição é antes de tudo um comércio, um interesse no valor de troca do produto oferecido, cujo objetivo é o lucro para os profissionais e a satisfação para os clientes, portanto quanto mais extravagante o prazer maior o preço a ser pago. O julgamento presente no discurso dessas profissionais considera que ao procura-las o homem casado comete um erro, independente do motivo, entretanto a culpa, em geral, cai sobre elas... Porém quem as procura é o homem e é algo que parte da vontade de ambos.

(6) Os homens ganham menos dinheiro nesse ramo por dois motivos: a mulher fisiologicamente demora mais para atingir o orgasmo do que o homem e há menos procura de homens pelas mulheres. Elas tem vergonha de sentir prazer, isso é negado a elas e o local em que esse tipo de serviço é oferecido não apetece as mulheres, o enfoque e abordagem para o programa é diferenciado para os sexos/gêneros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário