domingo, 2 de janeiro de 2011

Sexo, Gênero, Sexualidade e Construção Social. 4/4

Para concluir, gostaria de deixar aqui duas reflexões: o homem passa a vida inteira recebendo estímulos sobre como exercer sua sexualidade, com 14-15 anos, os pais levam os filhos para ‘conhecer a vida’, enquanto as meninas são estimuladas a aprenderem a cuidar da casa, do marido, dos filhos, cozinhar, administrar o lar. Nota-se que em nenhum momento houve uma preocupação com a sexualidade da mulher, que já nasce sendo educada para servir o homem e ao fazer isso resumindo a sua via a isso. O prazer sexual é negado à mulher desde o principio, já que o que prevalece mais uma vez é a repetição do estereótipo da mulher dona-de-casa, alienada e submissa à vontade de seu macho, virgem e prendada de preferência.

A outra reflexão está intimamente ligada a acima... Quando pensamos em um homem vagabundo, o que vem a sua cabeça? E o que seria uma mulher vagabunda? Ainda no século XXI, a associação feita ao homem é de poderio econômico, já a mulher não pode ter a mesma liberdade sexual que é conferida ao homem.

A importância de falar sobre discussão de gênero evidenciada quando uma mulher escolhe seguir um rumo diferente daquele que foi definido pra ela assim que nasceu e decide trabalhar com sexo, a marginalização e exclusão social a qual são submetidas é quase instantânea. Há aquelas que resolvem seguir a profissão por causa da boa remuneração, há outras que escolhem esse caminho porque gostam. Ter a liberdade de escolher seu caminho, independente de qual for, é algo pra se orgulhar, ser sem-vergonha. Aceitação de si, não vitimização e principalmente não ter vergonha de lutar pelos seus direitos de mulher como mulher em sua plenitude: mulher que sente, que chora, que sonha, que tem orgasmos múltiplos, que é mãe solteira em um mercado de trabalho competitivo, que deve se proteger em suas relações sexuais, que deve gritar alto sempre e dizer o que quer, o que pensa, o que deseja e acima de tudo que merecem respeito da sociedade hipócrita a qual todos fazemos parte. A prostituição sempre existiu, existe e sempre existirá cabe a nós decidirmos o que fazer: fechar os olhos ou estender a mão? Ignorar ou ouvir as vozes que clamam por reconhecimento de seus direitos como qualquer outro trabalhador? Esse é um espaço que viabiliza essa discussão.

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